segunda-feira, 18 de junho de 2007
segunda-feira, 11 de junho de 2007
Próximo Concerto
Postado por GIMF - GRUPO INSTRUÇÃO MUSICAL DA FONTELA às 11:59 0 comentários
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quarta-feira, 6 de junho de 2007
A Sétima Actuação
Nascido em Paris, Antoine Sibertin-Blanc, foi aluno, de 1945 a 1954, na Escola César Franck onde recebeu uma formação multidisciplinar, obtendo nomeadamente, sob a orientação de Édouard Souberbielle, o Diploma de Órgão e de Improvisação. Além de Piano e Órgão, estudou também Canto Gregoriano, Direcção Coral e Composição. Beneficiando, simultaneamente, do ensino de Maurice Duruflé no Conservatório Nacional Superior de Paris, foi nomeando em 1952 organista da Maîtrise de la Madeleine e Maître de Chapelle de S. Merry. Em 1955, deixou Paris para assumir em Luxemburgo, durante cinco anos, o cargo de organista da Igreja de S. José.
Em 1961, face à oportunidade de ensinar órgão em Lisboa no Centro de Estudos Gregorianos, recentemente fundado, não hesitou. À sua chegada, beneficiando logo de um conjunto de circunstâncias favoráveis, foi nomeado em 1965 titular do grande órgão da Sé Patriarcal e, mais tarde, da classe de Órgão da Escola Superior de Música de Lisboa, dois lugares-chave na música de um país que, após um longo declínio, redescobriu pouco a pouco as maravilhas do seu próprio património, restaurando os seus órgãos e, pela mesma ocasião, acedeu ao conhecimento e à prática do grande repertório organístico universal.
Atento a todos os aspectos deste renascimento, Antoine Sibertin-Blanc prosseguiu incansavelmente a sua tarefa de divulgação através do país. No plano internacional, deu concertos pela Europa, designadamente na França, Alemanha, Itália, Espanha, Áustria, Holanda, Bélgica, Suécia, Dinamarca e Noruega, em alguns países da ex-União Soviética, e no Brasil. Embora o seu repertório abranja compositores desde a época pré-clássica até aos nossos dias, a sua permanência em Portugal levou-o a interessar-se de um modo muito particular pela música ibérica, para cuja interpretação é amiúde convidado.
No campo do disco, as suas realizações publicadas, nomeadamente pelas etiquetas Erato, Arion, Polygram e Movieplay ocasionaram as melhores críticas. Além disso, realizou inúmeras gravações para as estações de rádio e televisão de diversos paíse.
Em 1999, Antoine Sibertin-Blanc foi honrado com o título de Comendador da Ordem de Santiago de Espada pelo Presidente da República Portuguesa.
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A Sexta Actuação
De regresso a casa, na nossa sede, a Direcção brinda-nos com a organização da «5ª Festa da Sopa» a convite do Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde, o Senhor João Carronda. Esta actividade, por decisão da Junta de Freguesia, deste ano em diante, será organizada, rotativamente, pela Fontela, Lares e Vila Verde. Coube à Fontela inaugurar este novo figurino e, também desta vez em diante, definitivamente com a sopa como rainha da festa!
Durante os três dias em que irá decorrer a festança, haverá sempre animação cultural - que passará por diversas facetas, desde a música vocal à música instrumental, até à dança.
E foi neste ambiente de animação, sopas e boa disposição, que o Coral João Mendes realizou mais um concerto.
Tudo isto aconteceu no início do mês de Outubro de 2006.
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A Quinta Actuação
O concerto decorreu satisfatoriamente, para grado de todos os presentes, especialmente do senhor presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde que, entusiasticamente, manifestou o seu regozijo por encontrar na sua freguesia um Grupo Coral com tanta qualidade.
Nasceu a 16 Novembro de 1916 e faleceu a 5 de Julho de 1983.
Manuel Ferreira de Faria foi compositor, pedagogo, maestro, articulista e conferencista. Entre as figuras eclesiásticas que se dedicaram à composição sacra e profana, instrumental e vocal, o Padre Manuel Faria ocupa um lugar destacadíssimo, a que se juntam importantes funções pedagógicas e literárias em Braga e a nível nacional, ao longo de 50 anos. Nasceu numa família minhota em que o canto, a dança e os instrumentos musicais eram estimados, sendo o pai tocador de concertina e viola. No fim da escola primária, frequentou os seminários arquidiocesanos, onde estudou solfejo, harmonia, piano e órgão. No final do curso teológico, o desejo e talento levaram-no para Roma (1939). Com a licenciatura em canto gregoriano e composição, e o Curso Superior de Composição, passou a trabalhar, em 1946, na formação musical dos seminários de Braga. Dentro de um estilo que reflecte a influência da música tradicional do Minho, compôs centenas de cânticos de cariz popular, baseando-se, muitas vezes, em poemas de José Alves e Monsenhor Francisco Moreira das Neves. Publicou na Nova Revista de Música Sacra, Boletim de Música Litúrgica, A Arte Musical, Autores, Resistência, Diário do Minho, Novidades. Colaborou em obras enciclopédicas e publicou ensaios sobre Mozart, Beethoven, Poulenc, Debussy, Mahler e Pedro de Freitas Branco. Entre 1976-1981, fez, na Rádio Renascença, o programa semanal clássico “Ao encontro da grande música”. O impressionante catálogo das suas obras inclui cerca de duzentas peças para coro a capella (música sacra, hinos, danças); mais de trezentas e cinquenta peças para coro e instrumento(s), nomeadamente hinos, motetes, missas; trinta peças para voz e instrumento(s), incluindo natais; catorzes peças para instrumento solista (fantasias, peças para órgão e piano). Em 1998, foi criada a Associação Manuel Faria, com sede na Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, a partir de um grupo de músicos de Braga. Pretende realizar um concurso bienal de composição e fazer o levantamento de todas as obras do grande compositor, na perspectiva de virem a ser publicadas, por temas.
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A Quarta Actuação
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A Terceira Actuação
Diplomado em Canto Gregoriano e em Composição Sacra pelo Pontifício Instituto de Música Sacra de Roma é actualmente docente na Escola Superior de Educação de Beja, onde também é membro do Serviço Nacional de Música Sacra e Director do Secretariado Diocesano de Liturgia.
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O Maestro
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Os Cantores
Sopranos
Lurdes Matoso
Alice Gomes
Lídia Freitas
Odete Mesquita
Natália Henriques
Tânia Ferreira
Maria Aline
Contraltos
Ivone Marques
Maria Adelina
Júlia Matoso
Hercília Fonseca
Ivone Flavio
Lurdes Fresco
Celeste Belchior
Jesus Marques
Elisabete Luís
Tenores
Arménio Gomes
Graça Bertão
Deonilde Azenha
Ana Mendes
Jorge Gaspar
António Cardoso
Baixos
Victor Dinis
Orlando Fernandes
José Maia
Rui Bento
Joaquim Eires
Joaquim Matoso
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terça-feira, 5 de junho de 2007
A Segunda Actuação
Mário de Sampayo Ribeiro nasceu a 4 de Dezembro de 1898 (faleceu em 1966) em Lisboa.
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Repertório
Ora vai-te embora - Tradicional de Vila Nova de Mil Fontes
(Harmonização de Pd. António Cartageno)
O voso galo comadre - Tradicional Galega
(Harmonização de M. Groba)
Canticorum iubilo
(G. F. Haendel)
Ay linda amiga
(Anónimo do Século XVI)
Senhora do Almurtão
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Coro das Maçadeiras - Tradicional da Póvoa de Lanhoso
(Harmonização de Manuel Faria)
Kumbaya my Lord - Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Do Lord remember me - Espiritual Negro
(Anónimo)
Trai Trai - Tradicional da Beira Baixa
(Harmonização de Manuel Faria)
Senhora do Livramento - Tradicional
(Harmonização de Rui Ferreira)
Os olhos da Marianita - Tradicional Portuguesa
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Nossa Senhora da Cunha - Tradicional de São Mamede de Ribatua
(Harmonização de Pd. António Cartageno)
Maria da Conceição - Tradicional da Beira-Baixa
Lord i want - Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Penteia ó dona Aurora - Tradicional
(Harmonização de Sibertin Blanc)
Adeste Fideles - Tradicional de Natal
(Harmonização de John F. Wade)
O Menino está dormindo - Tradicional de Natal
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
A Lua girou
(Harmonização de Ana Yara Campos)
Cantem cantem os Anjos - Tradicional de Natal
(Harmonização de Manuel Faria)
Jesus Nasceu - "Joy to the world" de G. F. Haendel
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
A Roupa do Marinheiro
Natal de Elvas - Tradicional de Natal
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Velo que bonito - Tradicional da Colombia
Verdes são os campos - José Afonso
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Ribeira vai cheia - Tradicional do Alentejo
(Harmonização de Adelino Martins)
Canção Alentejana - Tradicional do Alentejo
(Harmonização de Manuel Faria)
Venid a sospirar al verde prado
(Anónimo do Século XVI)
I'm gonna sing -Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Marcha do Vapor - Hino do Município da Figueira da Foz
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Siga a roda - Tradicional Portuguesa
(Harmonização de Mário Pinto do Nascimento)
Arre burra arre - Tradicional de Natal
Aleluia - "O Messias" de Haendel
(Arranjo de Luís Claudino Vieira)
Aya Ngena - Tradicional Zulu
(Anónimo)
Solamente una vez
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Sancristan de Coimbra - Fado de Coimbra
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Boiadeiro - Tracicional do Brasil
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Jesu Salvator Mundi
(Menegali)
Balada do Outono - José Afonso
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Noite Feliz - Tradicional de Natal
(Franz Gruber)
Zottelmarsch - Marcha Holandesa
Stabat Mater
(Zoltan Kodaly)
Natal de Jesus - Mário Pinto do Nascimento
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A Primeira Actuação
O QUE É O CANTE ALENTEJANO - P. António Marvão
No Baixo Alentejo há um cante tradicional específico daquela região, que se chama cante alentejano. O que é o cante alentejano? Como se canta o cante alentejano? O que canta o cante alentejano? Donde veio o cante alentejano? É a estas perguntas que nós vamos tentar responder, embora sinteticamente.
O que é o cante alentejano – O cante alentejano é uma polifonia simples, a duas vozes paralelas, à terceira superior. Como polifonia, vamos situá-la na época em que a polifonia tinha o primeiro lugar na mmúsica, toda ela vocal, a que se deu o nome de MILÉNIO VOCAL, uma polifonia sem instrumentos, que aparecem no período do Renascimento, no século XVI.
O cante alentejano é composto de modas, nas quais sobressaem, nalgumas delas, dois sistemas musicais inteiramente distintos: o sistema modal e o sistema tonal. O sistema modal, em uso durante toda a Idade Média, o sistema tonal, já fruto do Renascimento, no século XVI. O sistema modal grego, adaptado e modificado por S. Gregório, era composto dos modos Dórico, Erígio, Eóleo, Lídio e Mixolídio.
Os modos tinham sete notas, cujos semitons variavam na escala, ao contrário das nossas escalas, cujas melodias giram sempre em volta da tónica e da superdominante, segundo o tom é maior ou menor.
Os vestígios dos modos que mais frequentemente nos aparecem nalgumas modas alentejanas são do Eóleo, nas modas “Toda a bela noite eu estive” e “Ai ai”.
Do Mixolídio nas modas “Meu lírio roxo” e “Água leva o regador”.
Do Frígio no cântico ao Deus Menino de S. Matias.
No Lídio na moda “O Sarapateado”, de Santo Aleixo da Restauração e na moda “Ó abre-me a porta”.
Estes restos do sistema modal encontravam-se, em muitos casos, nos finais das modas ou dos estribilhos.
As principais características das modas alentejanas são as seguintes:
(a) Serem todas em tons maiores;
(b) Terem algumas o soluço eclesiástico, ou pausa para respirar, no meio da palavra;
(c) Terem algumas o acorde de tritono, que Arnol Schomberg baniu da harmonia ao inventar a dodecafonia seriada.
Como se canta o cante alentejano – Os cantadores, geralmente homens do campo, cantam em grupo, divididas as vozes em três naipes: o Ponto, o Alto e as Segundas vozes. A função do Ponto iniciar a moda, retomada depois pelo Alto, e em seguida pelas segundas vozes, constituindo assim o coro. A função específica do Alto é preencher as pausas com os “vaias”, no fim das frases musicais, excepto na última – assim uma espécie de Ponto na 1ª vez.
Podemos dividir o cante alentejano em três tipos de música: as modas lentas, as modas coreográficas e os cantes religiosos.
O que canta o cante alentejano – As modas alentejanas cantam-nos o Alentejo, com todas as suas belezas e a vida dos alentejanos. Há modas para todas as épocas do ano – a sementeira, com a moda da “Lavoura”, que tem o seguinte verso:
Já morreu o boi capote
Camarada do pombinho
Quem não for capaz que não bote
Regos ao pé do caminho
Da monda, com o “Manjerico folha recortada, da ceifeira, da apanha dos legumes, do casamento”, com a seguinte letra:
Marianita és baixinha
Ai, roja a saia pela lama
Ai, tenho to dito mil vezes
Ai. Levanta a saia Mariana
das sortes que diz assim,
Senhora do Livramento
Livrai o meu namorado
Para que ele seja livre
Ai, Meu Jesus
Ai, Meu Jesus
Dessa vida de soldado
Dessa vida de soldado
Da vida militar que diz assim,
Lá vai o comboio, lá vai
Lá vai ele a assobiar
Lá vai o meu lindo amor
Para a vida militar
O cante alentejano tem o sentido do amor, da saudade e da tristeza, embora associados também a outros motivos. Das 206 modas do Cancioneiro Alentejano, 114 falam do Amor. Por exemplo, as modas “Lindo Amor”, “Ao romper da bela aurora” e “Ribeira vai cheia”, e outras.
Das restantes 92, a maior parte canta a saudade. Por exemplo “O Meu Baleizão”, “As cobrinhas de água”, “Já morreu quem me lavava”, e ainda outras. 6 modas cantam a morte e 17 cantam a tristeza. Cantam a morte as modas “Lindo Amor”, “Solidão” e “Já morreu quem me lavava”. Cantam o sofrimento as modas “Anda cá senta-te aqui”, “Ó Maria Rita” e “Suspiros, ais e tormentos”, etc.
Donde veio o cante alentejano – A hipótese mais significativa é a que nos aponta a vila de Serpa como terra onde se organizou o cante Alentejano, pelo seguinte. As escolas de polifonia clássica do século XV, em Évora foram frequentadas por alguns frades da Serra de Ossa. Alguns destes mesmos frades foram mandados para Serpa onde fundaram o convento dos paulistas e Escolas de Cante Popular. Deve ter sido dessas escolas que saiu o cante alentejano. O cante alentejano tem princípio, meio e fim, pelo que somos levados a crer que os autores das modas alentejanas tenham pessoas dotadas de conhecimentos musicais suficientes para as inventar. Estas escolas de canto popular, fundadas pelos frades paulistas da Serra de Ossa, teriam a sua origem aí pelos fins do século XV, na transição do Milénio Vocal para o Renascimento.
Assim definido, o cante alentejano representa a cultura popular tradicional do povo do Baixo Alentejo, de um extraordinário, com a sua identidade própria, as suas características específicas e a sua peculiar interpretação. Esta cultura mergulha as suas raízes no sistema musical medievo, numa perfeita simbiose de modas e de tons, fruto da evolução da música no período renascentista. Esta cultura traduz a perfeita imagem do povo alentejano, no seu quotidiano, durante séculos, e que se mantem viva, em toda a sua beleza sentimental e nostálgica, que embalou, a sua gente, a fez trabalhar, cantar, chorar, sofrer rezar e morrer, numa epopeia bem digna da pena de um novo ainda que rústico épico.
OS CANTARES DE PORTEL
Ao folhearmos a 1ª e a 2ª série dos Cantos Populares de Portel, recolhidos pelo Sr. Artur Duarte, músico da marinha e publicados pelo Sr. J. ª Pombinho Júnior, edições de 1948 e 1949, respectivamente, constatamos que alguns daqueles cantos tem estruturas musicais do tipo modal, como nalgumas modas alentejanas.
Por exemplo na 1ª série os cantos “Laranja da China”, “Aldeia da Laranja” e “Que levas na garrafinha”, são desse tipo de música. Os finais desses cantos, o primeiro em Fá Maior e os outros dois em Sol Maior, terminam respectivamente em Dó e em Ré, sem a preparação necessária para a modulação ao tom vizinho, mas utilizando as formas de modo Eóleo. Na 2ª série, o canto de passar da Ribeirinha, tem também uma terminação modal e não tonal. Trata-se, pois, nestes casos, de um grupo de modas que passaram para Portel, talvez através da Vidigueira, de Cuba ou de Viana do Alentejo nas romarias à Senhora de Aires, ou dos frades paulistas da Serra da Ossa, que abriram escolas de cante popular em Serpa, no Baixo Alentejo, onde provavelmente teve origem o cante alentejano.
Até à Serra de Ossa ainda se podem ouvir os lindos corais alentejanos. Depois, os adufos e os pandeiros acompanham a música Regional do Alto Alentejo, que se caracteriza especialmente nas “saias”, que se destinguem em velhas e novas, aiadas, puladas e com estribilho. As “saias” novas são ou eram cantadas em Elvas no S. Mateus, pelos grupos de Campo Maior, Borba, Vila Viçosa e Amandroal, em despique.
Ora Portel, influenciado pela música coreográfica do Alto Alentejo, que se caracteriza especialmente nas “saias”, como já referimos, principiou ultimamente a juntar às vozes dos cantadores alguns instrumentos, com ritmos novos, coisa que nunca se viu até ali nas músicas alentejanas. E o pior é que Beja foi-lhe no encalce e afinou pelo mesmo diapasão, juntando-lhe ao canto e aos instrumentos, vozes femininas, em interpretações por vezes bizarras, pouco de harmonia com o tradicional cante alentejano. Há quem goste e quem não goste, pertencendo a este último grupo aqueles que ainda sabem distinguir entre uma cobra e um lagarto.
É claro que não é com duas cantigas azougadas que se muda a face da terra, que continuará a girar sempre à volta do sol.
O contrário seria a destruição do nosso planeta e dos seus colegas vizinhos e não sabemos se de mais alguns.
Não é tarefa fácil destruir a alma de um povo, por mais tentativas que se façam para o conseguir. Ela permanece sempre através de tudo, especialmente nas suas tradições. Ali deixa o homem e a sociedade que ela formou, bem vincada, a sua personalidade, a sua razão de ser e de viver. O Alentejo será sempre reconhecível através das suas velhinhas, nostálgicas e encantadoras modas, de cantadores bem unidos nas vozes, nos corpos, nos sentimentos e na vida.
Padre António Alfaiate Marvão,
Congresso Sobre o Alentejo - Semeando Novos Rumos,
Évora, Outubro 1985, I Volume, Págs. 104 a 107
Edição da Associação de Munícipios do Distrito de Beja
Postado por GIMF - GRUPO INSTRUÇÃO MUSICAL DA FONTELA às 11:04 0 comentários
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segunda-feira, 4 de junho de 2007
HISTORIAL
Postado por GIMF - GRUPO INSTRUÇÃO MUSICAL DA FONTELA às 10:46 0 comentários