quinta-feira, 19 de julho de 2007

Será que...

Eis como tudo aconteceu.
Sexta-feira, 6 de Julho de 2007. Estavam todos os coralistas do Coral João Mendes, nervosos e ansiosos, reunidos na sua sede, por volta das 8 horas da noite, com o objectivo de «ensaiar» uma ou outra peça e, ao mesmo tempo, aquecer a voz por forma a chegar à Igreja Matriz de São Julião da Figueira da Foz devidamente preparados para a cantoria. De repente... surgiram as águas - e não era chuva! Não. Chuva não era certamente. E a neve não cai assim.
112. Alô! Alô! Venham depressa.
Nove horas da noite, vai a Contralto - que já mais parecia uma Soprano - para a Maternidade Dr. Daniel de Matos, em Coimbra.

(...)

O Encontro de Coros lá decorreu de forma mais ou menos regular, exceptuando a condição de o Coral João Mendes ter sido o primeiro a actuar (contrariando a ordem estabelecida pela organização do evento, embora por uma boa causa!, pois o Maestro estava com ganas de chegar à Maternidade o mais depressa possível).

Mais tarde, já sem o Maestro, todos os coralistas se uniram num envolvente e caloroso Canticorum Iubilo que, à falta de melhor, aqueceu a alma de todos os presentes.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Todos ao molho e...

Fé em Deus!

É isto não é? Acho que sim. Estou a pensar qual será (será?!) a peça que os 4 coros poderão interpretar em conjunto, no Encontro do dia 6 de Julho. Vai daí, mesmo que não tenham pedido a opinião, resolvi meditar sobre o assunto e penso que a obra que melhor salientaria a alegria e o prazer de cantar em conjunto (além do mais, quase de certeza que todos os coros presentes dominam o assunto, eu diria, de cor e salteado!) - seria, sem sombras de dúvida: "Canticorum Iubilo" de G. F. Haendel.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Próximo Concerto


Vai realizar-se no próximo dia 6 de Julho - nas escadas da Igreja Matriz da Freguesia de São Julião da Figueira da Foz - um Encontro de Coros, com a participação de 4 Coros: Grupo de Cantares de Tavarede (não sei se é este o nome do coro); Coral João Mendes, da Fontela; Grupo Coral de Santana (a minha dúvida também em relação à designação deste coro mantém-se); e, finalmente, o Grupo Coral David de Sousa, da Figueira da Foz.

O repertório do Coral João Mendes para este dia será:

- Ora Vai-te Embora, canção tradicional de Vila Nova de Mil Fontes harmonizada pelo Padre António Cartageno;

- Senhora do Almurtão, canção tradicional da Beira-Baixa harmonizada por Mário de Sampayo Ribeiro;

- Nossa Senhora da Cunha, canção tradicional de São Mamede de Ribatua harmonizada pelo Padre António Cartageno;

- Lord I Want, Espiritual Negro;

- Ay Linda Amiga, de um anónimo do século XVI;

- Senhora do Livramento, canção tradicional harmonizada por Rui Ferreira;

- Balada do Outono, canção de José Afonso harmonizada por Luís Claudino Vieira.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

A Sétima Actuação

Mais um Concerto de Natal! Natal 2006!
Aproveitou-se este concerto para estrear mais algumas canções natalícias:
"Velo Que Bonito" - uma espectacular cantiga originária da Colombia que intercala um tema, ora no modo maior, ora no modo menor;
"Jesus Nasceu" - tema de G. F. Haendel que o maestro Luís Claudino Vieira arranjou e harmonizou, juntando-lhe uma letra muito simples, em português;
"Natal de Jesus" - tema original, a quatro vozes, de Mário Pinto do Nascimento;
e "Noite Feliz" - um original de Franz Gruber (que já é um clássico), numa harmonização de Luís Claudino Vieira.
Para além destes temas eminentemente natalícios, cantaram-se também outros novos temas, também eles bastante interessantes sob um ponto de vista estritamente musical. São eles:
"Trai-Trai" - harmonizada por Manuel Faria;
"Penteia Ó Dona Aurora" - por Sibertin Blanc;
e "Lord I Want" - um belíssimo Espiritual Negro.
O que descobrimos acerca do autor de "Penteia Ó Dona Aurora" (canção originária da Região Autónoma dos Açores - cremos!):

Nascido em Paris, Antoine Sibertin-Blanc, foi aluno, de 1945 a 1954, na Escola César Franck onde recebeu uma formação multidisciplinar, obtendo nomeadamente, sob a orientação de Édouard Souberbielle, o Diploma de Órgão e de Improvisação. Além de Piano e Órgão, estudou também Canto Gregoriano, Direcção Coral e Composição. Beneficiando, simultaneamente, do ensino de Maurice Duruflé no Conservatório Nacional Superior de Paris, foi nomeando em 1952 organista da Maîtrise de la Madeleine e Maître de Chapelle de S. Merry. Em 1955, deixou Paris para assumir em Luxemburgo, durante cinco anos, o cargo de organista da Igreja de S. José.
Em 1961, face à oportunidade de ensinar órgão em Lisboa no Centro de Estudos Gregorianos, recentemente fundado, não hesitou. À sua chegada, beneficiando logo de um conjunto de circunstâncias favoráveis, foi nomeado em 1965 titular do grande órgão da Sé Patriarcal e, mais tarde, da classe de Órgão da Escola Superior de Música de Lisboa, dois lugares-chave na música de um país que, após um longo declínio, redescobriu pouco a pouco as maravilhas do seu próprio património, restaurando os seus órgãos e, pela mesma ocasião, acedeu ao conhecimento e à prática do grande repertório organístico universal.
Atento a todos os aspectos deste renascimento, Antoine Sibertin-Blanc prosseguiu incansavelmente a sua tarefa de divulgação através do país. No plano internacional, deu concertos pela Europa, designadamente na França, Alemanha, Itália, Espanha, Áustria, Holanda, Bélgica, Suécia, Dinamarca e Noruega, em alguns países da ex-União Soviética, e no Brasil. Embora o seu repertório abranja compositores desde a época pré-clássica até aos nossos dias, a sua permanência em Portugal levou-o a interessar-se de um modo muito particular pela música ibérica, para cuja interpretação é amiúde convidado.
No campo do disco, as suas realizações publicadas, nomeadamente pelas etiquetas Erato, Arion, Polygram e Movieplay ocasionaram as melhores críticas. Além disso, realizou inúmeras gravações para as estações de rádio e televisão de diversos paíse.
Em 1999, Antoine Sibertin-Blanc foi honrado com o título de Comendador da Ordem de Santiago de Espada pelo Presidente da República Portuguesa.

A Sexta Actuação









































































De regresso a casa, na nossa sede, a Direcção brinda-nos com a organização da «5ª Festa da Sopa» a convite do Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde, o Senhor João Carronda. Esta actividade, por decisão da Junta de Freguesia, deste ano em diante, será organizada, rotativamente, pela Fontela, Lares e Vila Verde. Coube à Fontela inaugurar este novo figurino e, também desta vez em diante, definitivamente com a sopa como rainha da festa!
Durante os três dias em que irá decorrer a festança, haverá sempre animação cultural - que passará por diversas facetas, desde a música vocal à música instrumental, até à dança.
E foi neste ambiente de animação, sopas e boa disposição, que o Coral João Mendes realizou mais um concerto.
Tudo isto aconteceu no início do mês de Outubro de 2006.
Eis as sopas que protagonizaram esta grandiosa festa que, cada uma representando uma letra, no seu todo representavam o nome FONTELA:

SOPA DE GRÃO;
SOPA GULOSA;
SOPA CAMPONESA;
SOPA PARIDEIRA;
SOPA DE PEIXE;
SOPA DO VIDREIRO;
CANJA DE GALINHA.


A Quinta Actuação

Novamente em Vila Verde, em Setembro de 2006, a convite do G.R.V., realizamos a nossa 5ª actuação; desta feita, com algumas novidades no repertório: "A Lua Girou", uma belíssima canção brasileira harmonizada por Ana Yara Campos; "Coro das Maçadeiras", um cramol minhoto - mais propriamente da Póvoa de Lanhoso - harmonizado por Manuel Faria.
O concerto decorreu satisfatoriamente, para grado de todos os presentes, especialmente do senhor presidente da Junta de Freguesia de Vila Verde que, entusiasticamente, manifestou o seu regozijo por encontrar na sua freguesia um Grupo Coral com tanta qualidade.

O que sabemos acerca de Manuel Faria:

Nasceu a 16 Novembro de 1916 e faleceu a 5 de Julho de 1983.

Manuel Ferreira de Faria foi compositor, pedagogo, maestro, articulista e conferencista. Entre as figuras eclesiásticas que se dedicaram à composição sacra e profana, instrumental e vocal, o Padre Manuel Faria ocupa um lugar destacadíssimo, a que se juntam importantes funções pedagógicas e literárias em Braga e a nível nacional, ao longo de 50 anos. Nasceu numa família minhota em que o canto, a dança e os instrumentos musicais eram estimados, sendo o pai tocador de concertina e viola. No fim da escola primária, frequentou os seminários arquidiocesanos, onde estudou solfejo, harmonia, piano e órgão. No final do curso teológico, o desejo e talento levaram-no para Roma (1939). Com a licenciatura em canto gregoriano e composição, e o Curso Superior de Composição, passou a trabalhar, em 1946, na formação musical dos seminários de Braga. Dentro de um estilo que reflecte a influência da música tradicional do Minho, compôs centenas de cânticos de cariz popular, baseando-se, muitas vezes, em poemas de José Alves e Monsenhor Francisco Moreira das Neves. Publicou na Nova Revista de Música Sacra, Boletim de Música Litúrgica, A Arte Musical, Autores, Resistência, Diário do Minho, Novidades. Colaborou em obras enciclopédicas e publicou ensaios sobre Mozart, Beethoven, Poulenc, Debussy, Mahler e Pedro de Freitas Branco. Entre 1976-1981, fez, na Rádio Renascença, o programa semanal clássico “Ao encontro da grande música”. O impressionante catálogo das suas obras inclui cerca de duzentas peças para coro a capella (música sacra, hinos, danças); mais de trezentas e cinquenta peças para coro e instrumento(s), nomeadamente hinos, motetes, missas; trinta peças para voz e instrumento(s), incluindo natais; catorzes peças para instrumento solista (fantasias, peças para órgão e piano). Em 1998, foi criada a Associação Manuel Faria, com sede na Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão, a partir de um grupo de músicos de Braga. Pretende realizar um concurso bienal de composição e fazer o levantamento de todas as obras do grande compositor, na perspectiva de virem a ser publicadas, por temas.

A Quarta Actuação

Foi no princípio de Julho de 2006, durante as comemorações de mais um aniversário da Filarmónica de Lares, que se realizou a quarta actuação do Coral João Mendes - na sede da Filarmónica local.
Este foi um dos concertos mais bem sucedidos de sempre, na ainda curta vida deste coro, pois todas as peças foram exemplarmente interpretadas.
O Programa do Concerto decorreu sem mácula e sem espinhas; até a afinação, bastas vezes sofrível, pareceu brilhar com a ostentação própria daquelas obras de arte (as primas e outros familiares) que perduram na nossa memória!
Ensaiou-se para esta noite a peça: "Ribeira vai cheia", numa harmonização de Adelino Martins. Porém, não chegou a ser cantada em público pois o Maestro decidiu que o nível de interpretação ainda não era o mais adequado à presente situação; tanto mais que o resto do repertório foi bem interpretado.

O que sabemos acerca deste autor:
Adelino Martins é diplomado pelo Conservatório Nacional de Lisboa com os cursos superiores de Composição, Canto e Concerto, bem como os cursos completos de Clarinete, Saxofone e Geral de Piano.
Obteve a Bolsa de Estudo da Fundação Calouste Gulbenkian, da Secretaria de Estado da Cultura e do ex-F.A.O.J. para frequentar cursos de aperfeiçoamento na Bélgica e em França.
Prestou serviço docente em diversas escolas da cidade do Mondego sendo um dos principais impulsionadores e fundadores do Conservatório de Música de Coimbra. A convite do Ministério da Educação fez parte da primeira Comissão Instaladora (1985-1994) daquela instituição.
Dirigiu o Coro Misto da Universidade de Coimbra durante vários anos e o Coro do Conservatório Regional desta Cidade.
Presentemente dirige o Coral David de Sousa, da Figueira da Foz, o Grupo Coral do I.P.O. em Coimbra e o Grupo de Instrumentos de Sopro de Coimbra, do qual é um dos membros fundadores.
Entre alguns dos mestres estrangeiros com quem estudou, destaca: Michel Corboz, Vassil Arnaudov, Daniel Deffayet, Hélène Guy, Rafael Passaquet, Herbet von Jaris e Jean Fournet.
Durante anos desenvolveu actividades como músico executante tendo-se apresentado a solo em inúmeros recitais.
É autor de vários trabalhos de composição coral e instrumental.
Tem organizado cursos, concertos, palestras, conferências, concursos, intercâmbios culturais e criado com o seu labor um inesgotável espaço de actuação, particularmente na região Centro de Portugal.

A Terceira Actuação

A terceira actuação aconteceu em Vila Verde, a convite da colectividade local, em Fevereiro de 2006, e tinha como principal objectivo a angariação de fundos para pagar a remodelação da Igreja Matriz de Vila Verde - foi de bom grado que aceitamos participar nesta festa.

O concerto correu muito bem. Uma das canções que fez um enorme sucesso foi: "Nossa Senhora da Cunha", de São Mamede de Ribatua - harmonizada pelo Padre António Cartageno.



Acerca do Padre António Cartageno:

Diplomado em Canto Gregoriano e em Composição Sacra pelo Pontifício Instituto de Música Sacra de Roma é actualmente docente na Escola Superior de Educação de Beja, onde também é membro do Serviço Nacional de Música Sacra e Director do Secretariado Diocesano de Liturgia.
As sua obras têm sido apresentadas em diversos pontos do país e no estrangeiro, obtendo grandes êxitos.
Foi prestada uma homenagem ao padre e ao artista na freguesia que o viu nascer e onde António Cartageno ganhou o gosto pela música assistindo aos ensaios da Banda de Música de São Mamede de Ribatua. Ali foi erguida uma escultura do mestre Laureano Ribatua que evidencia a importância do artista na sociedade. No período da tarde, o Teatro Auditório Municipal de Alijó foi demasiado pequeno para receber todos os que quiseram assistir a uma das obras do autor homenageado, a Cantata para Solista, Coro e Orquestra “Santo Agostinho – O cantor da sede de Deus”.
A excelência do espectáculo não deixou ninguém indiferente. A subtileza e capacidade técnica da Orquestra Sinfonietta de Lisboa, brilhantemente regida pelo Maestro Mário Pinto do Nascimento, também ele nascido em S. Mamede de Ribatua, emprestaram à cantata um toque de requinte musical incomparável. A prestação do solista João de Nascimento Sebastião foi simplesmente magnífica, constituindo juntamente com os coros convidados o fabuloso contributo vocal da obra. Os coros que se deslocaram ao Auditório foram: Corais do Orfeão de Leiria; Coral “Cantábilis” – CGD Leiria; Coro da Casa de Pessoal do Hospital de santo André – Leiria; Grupo Coral das Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal de Leiria; Grupo “Corális”; Coro do Ateneu Desportivo de Leiria.
A obra ficará para a posterioridade e a lembrança da sua execução no Teatro Auditório Municipal de Alijó ficará na memória de todos quantos tiveram o privilégio de assistir.

O Maestro

O Maestro, professor Luís Claudino Vieira, nasceu em Coimbra corria o ano de 1970. Desde muito cedo tomou conhecimento com o mundo da música pois na sua família - radicada numa aldeia transmontana, sitiada entre os rios Douro e Tua, chamada São Mamede de Ribatua - existiam muitos músicos (o avô paterno - que tocava contrabaixo; o bisavô paterno, pai da avó paterna - que tocava Saxofone Barítono; o tio, irmão da avó paterna, músico militar de profissão - que era clarinetista, e chegou a ser o maestro da Filarmónica lá da terra; os tios, irmãos do avô paterno - que tocavam outros instrumentos). Portanto, foi com alguma naturalidade que muito novo ainda ingressou na Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de São Mamede de Ribatua, onde iniciou os seus estudos musicais.

Os Cantores

Sopranos

Lurdes Matoso
Alice Gomes
Lídia Freitas
Odete Mesquita
Natália Henriques
Tânia Ferreira
Maria Aline

Contraltos

Ivone Marques
Maria Adelina
Júlia Matoso
Hercília Fonseca
Ivone Flavio
Lurdes Fresco
Celeste Belchior
Jesus Marques
Elisabete Luís

Tenores

Arménio Gomes
Graça Bertão
Deonilde Azenha
Ana Mendes
Jorge Gaspar
António Cardoso

Baixos

Victor Dinis
Orlando Fernandes
José Maia
Rui Bento
Joaquim Eires
Joaquim Matoso

terça-feira, 5 de junho de 2007

A Segunda Actuação

Depois da primeira actuação, as expectativas dos coralistas ficaram em alta e, rapidamente, marcou-se a data do próximo concerto do Grupo Coral João Mendes - Natal de 2005.
Em cerca de mês e meio, ensaiou-se um pequeno repertório com algumas simples e bonitas canções de Natal (diga-se, a propósito, que todas as canções estão harmonizadas para quatro vozes mistas - SATB - excepto «Jesu Salvator Mundi» de Menegali - SAB):
"Cantem, cantem os Anjos" de Manuel Faria;
"Jesus Nasceu" de G. F. Haendel - extraído da sua famosa oratória «O Messias», numa versão em português do Maestro Luís Claudino Vieira;
"Adeste Fideles" numa harmonização de John F. Wade;
"Jesu Salvator Mundi" de Menegali;
"O Menino está dormindo" do repertório tradicional do Alentejo, desta feita numa toada decididamente calma (em oposição à forma como tradicionalmente se interpreta), harmonizada pelo Maestro Luís Claudino Vieira;
e, finalmente, aquela que todos os coralistas elegeram como sendo a jóia da coroa, "Natal de Elvas" de Mário de Sampayo Ribeiro.
A propósito deste autor, aqui vai:

Mário de Sampayo Ribeiro nasceu a 4 de Dezembro de 1898 (faleceu em 1966) em Lisboa.
Espírito irrequieto e multi-facetado, por sensibilidade e educação, sentiu-se irresistivelmente atraído para o mundo da Arte e da Cultura, entregando-se ao estudo pessoal da composição e investigação histórica musical, à arqueologia, à etnografia e à crítica histórica e literária. Fazendo jus à tradição cultural e humanística do final do chamado século das luzes, dominou um vastíssimo número de conhecimentos, possuindo em muitos deles a mestria dum verdadeiro especialista. Não se contentando com o estudo da música, actividade em que aplicou a fundo toda a sua energia como verdadeiro cientista e investigador, escreveu obras para canto e piano, para piano e violino e para orquestra. Mas, desejoso de testar in vivo o resultado do seu labor produtivo, criou um extraordinário agrupamento coral denominado Polyphonia, que obteve no campo da execução musical assinalados êxitos, chegando mesmo a ser considerado pela crítica um dos melhores coros da Europa. O Polyphonia realizou durante vinte anos, 250 audições em Portugal e Espanha, contando no seu repertório mais de cem composições de origem portuguesa, grande parte delas reconstituídas, interpretadas, comentadas e harmonizadas por Sampayo Ribeiro, que no seu labor de musicólogo procurou averiguar se a música antiga tinha ou não colorido, se era triste, suave, alegre ou rude. Da vasta bibliografia de Mário de Sampayo Ribeiro que se encontra publicada no Boletim da Academia Portuguesa de História constam cerca de 250 das suas obras mais notáveis, destacando-se as monografias dedicadas à Obra Musical do Padre António de Figueiredo (1932), a Damião de Góis na Livraria Real de Música (1935), à Música em Portugal nos Séculos XVIII e XIX (1938) e ao notabilíssimo e discutido estudo dedicado às «Guitarras de Alcácer» e a Guitarra Portuguesa (1936). Dos clássicos, estuda com especial profundidade Marcos Portugal, Carlos Seixas, Luisa Todi, e El-Rei D. João IV.

Repertório

Ora vai-te embora - Tradicional de Vila Nova de Mil Fontes
(Harmonização de Pd. António Cartageno)
O voso galo comadre - Tradicional Galega
(Harmonização de M. Groba)
Canticorum iubilo
(G. F. Haendel)
Ay linda amiga
(Anónimo do Século XVI)
Senhora do Almurtão
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Coro das Maçadeiras - Tradicional da Póvoa de Lanhoso
(Harmonização de Manuel Faria)
Kumbaya my Lord - Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Do Lord remember me - Espiritual Negro
(Anónimo)
Trai Trai - Tradicional da Beira Baixa
(Harmonização de Manuel Faria)
Senhora do Livramento - Tradicional
(Harmonização de Rui Ferreira)
Os olhos da Marianita - Tradicional Portuguesa
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Nossa Senhora da Cunha - Tradicional de São Mamede de Ribatua
(Harmonização de Pd. António Cartageno)
Maria da Conceição - Tradicional da Beira-Baixa
Lord i want - Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Penteia ó dona Aurora - Tradicional
(Harmonização de Sibertin Blanc)
Adeste Fideles - Tradicional de Natal
(Harmonização de John F. Wade)
O Menino está dormindo - Tradicional de Natal
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
A Lua girou
(Harmonização de Ana Yara Campos)
Cantem cantem os Anjos - Tradicional de Natal
(Harmonização de Manuel Faria)
Jesus Nasceu - "Joy to the world" de G. F. Haendel
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
A Roupa do Marinheiro
Natal de Elvas - Tradicional de Natal
(Harmonização de Mário de Sampayo Ribeiro)
Velo que bonito - Tradicional da Colombia
Verdes são os campos - José Afonso
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Ribeira vai cheia - Tradicional do Alentejo
(Harmonização de Adelino Martins)
Canção Alentejana - Tradicional do Alentejo
(Harmonização de Manuel Faria)
Venid a sospirar al verde prado
(Anónimo do Século XVI)
I'm gonna sing -Espiritual Negro
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Marcha do Vapor - Hino do Município da Figueira da Foz
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Siga a roda - Tradicional Portuguesa
(Harmonização de Mário Pinto do Nascimento)
Arre burra arre - Tradicional de Natal
Aleluia - "O Messias" de Haendel
(Arranjo de Luís Claudino Vieira)
Aya Ngena - Tradicional Zulu
(Anónimo)
Solamente una vez
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Sancristan de Coimbra - Fado de Coimbra
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Boiadeiro - Tracicional do Brasil
(Harmonização de Luís Claudino Vieira)
Jesu Salvator Mundi
(Menegali)
Balada do Outono - José Afonso
(Arranjo e harmonização de Luís Claudino Vieira)
Noite Feliz - Tradicional de Natal
(Franz Gruber)
Zottelmarsch - Marcha Holandesa
Stabat Mater
(Zoltan Kodaly)
Natal de Jesus - Mário Pinto do Nascimento

A Primeira Actuação



A primeira actuação do Grupo Coral João Mendes aconteceu na Fontela, no palco do Grupo Instrução Musical da Fontela em 5 de Novembro de 2005, durante as comemorações do Dia do Fontelense. O concerto correu bastante bem embora condicionado pelo nervosismo revelado pela maioria dos coralistas, próprio destes momentos.

A sala estava esgotada e, por razões óbvias, de olhos absolutamente franzidos de desconfiança e curiosidade; todos os presentes esperaram em silêncio pelo início do concerto - honra lhes seja feita, e aplaudiram depois, cada vez mais, à medida que o concerto ia decorrendo. O final foi apoteótico. Este povo da Fontela, que nunca tivera oportunidade de ouvir tal demonstração artística - ainda para mais, vinda de conterrâneos em tudo seus semelhantes, delirou com a última canção: "O voso galo comadre" - de M. Groba.

(...)

Uma vez que é sabido que a arte do canto não é para todos (verdade ou não, isso é outro mister), vamos lá a aprender qualquer coisa acerca do ofício. Para começar, falaremos um pouco acerca do cantar alentejano, até porque muitas peças desta região embelezam a nossa estante.

O QUE É O CANTE ALENTEJANO - P. António Marvão

No Baixo Alentejo há um cante tradicional específico daquela região, que se chama cante alentejano. O que é o cante alentejano? Como se canta o cante alentejano? O que canta o cante alentejano? Donde veio o cante alentejano? É a estas perguntas que nós vamos tentar responder, embora sinteticamente.

O que é o cante alentejano – O cante alentejano é uma polifonia simples, a duas vozes paralelas, à terceira superior. Como polifonia, vamos situá-la na época em que a polifonia tinha o primeiro lugar na mmúsica, toda ela vocal, a que se deu o nome de MILÉNIO VOCAL, uma polifonia sem instrumentos, que aparecem no período do Renascimento, no século XVI.

O cante alentejano é composto de modas, nas quais sobressaem, nalgumas delas, dois sistemas musicais inteiramente distintos: o sistema modal e o sistema tonal. O sistema modal, em uso durante toda a Idade Média, o sistema tonal, já fruto do Renascimento, no século XVI. O sistema modal grego, adaptado e modificado por S. Gregório, era composto dos modos Dórico, Erígio, Eóleo, Lídio e Mixolídio.

Os modos tinham sete notas, cujos semitons variavam na escala, ao contrário das nossas escalas, cujas melodias giram sempre em volta da tónica e da superdominante, segundo o tom é maior ou menor.

Os vestígios dos modos que mais frequentemente nos aparecem nalgumas modas alentejanas são do Eóleo, nas modas “Toda a bela noite eu estive” e “Ai ai”.
Do Mixolídio nas modas “Meu lírio roxo” e “Água leva o regador”.
Do Frígio no cântico ao Deus Menino de S. Matias.
No Lídio na moda “O Sarapateado”, de Santo Aleixo da Restauração e na moda “Ó abre-me a porta”.

Estes restos do sistema modal encontravam-se, em muitos casos, nos finais das modas ou dos estribilhos.

As principais características das modas alentejanas são as seguintes:

(a) Serem todas em tons maiores;
(b) Terem algumas o soluço eclesiástico, ou pausa para respirar, no meio da palavra;
(c) Terem algumas o acorde de tritono, que Arnol Schomberg baniu da harmonia ao inventar a dodecafonia seriada.


Como se canta o cante alentejano – Os cantadores, geralmente homens do campo, cantam em grupo, divididas as vozes em três naipes: o Ponto, o Alto e as Segundas vozes. A função do Ponto iniciar a moda, retomada depois pelo Alto, e em seguida pelas segundas vozes, constituindo assim o coro. A função específica do Alto é preencher as pausas com os “vaias”, no fim das frases musicais, excepto na última – assim uma espécie de Ponto na 1ª vez.
Podemos dividir o cante alentejano em três tipos de música: as modas lentas, as modas coreográficas e os cantes religiosos.


O que canta o cante alentejano – As modas alentejanas cantam-nos o Alentejo, com todas as suas belezas e a vida dos alentejanos. Há modas para todas as épocas do ano – a sementeira, com a moda da “Lavoura”, que tem o seguinte verso:

Já morreu o boi capote
Camarada do pombinho
Quem não for capaz que não bote
Regos ao pé do caminho

Da monda, com o “Manjerico folha recortada, da ceifeira, da apanha dos legumes, do casamento”, com a seguinte letra:

Marianita és baixinha
Ai, roja a saia pela lama
Ai, tenho to dito mil vezes
Ai. Levanta a saia Mariana

das sortes que diz assim,

Senhora do Livramento
Livrai o meu namorado
Para que ele seja livre
Ai, Meu Jesus
Ai, Meu Jesus
Dessa vida de soldado
Dessa vida de soldado

Da vida militar que diz assim,

Lá vai o comboio, lá vai
Lá vai ele a assobiar
Lá vai o meu lindo amor
Para a vida militar

O cante alentejano tem o sentido do amor, da saudade e da tristeza, embora associados também a outros motivos. Das 206 modas do Cancioneiro Alentejano, 114 falam do Amor. Por exemplo, as modas “Lindo Amor”, “Ao romper da bela aurora” e “Ribeira vai cheia”, e outras.
Das restantes 92, a maior parte canta a saudade. Por exemplo “O Meu Baleizão”, “As cobrinhas de água”, “Já morreu quem me lavava”, e ainda outras. 6 modas cantam a morte e 17 cantam a tristeza. Cantam a morte as modas “Lindo Amor”, “Solidão” e “Já morreu quem me lavava”. Cantam o sofrimento as modas “Anda cá senta-te aqui”, “Ó Maria Rita” e “Suspiros, ais e tormentos”, etc.


Donde veio o cante alentejano – A hipótese mais significativa é a que nos aponta a vila de Serpa como terra onde se organizou o cante Alentejano, pelo seguinte. As escolas de polifonia clássica do século XV, em Évora foram frequentadas por alguns frades da Serra de Ossa. Alguns destes mesmos frades foram mandados para Serpa onde fundaram o convento dos paulistas e Escolas de Cante Popular. Deve ter sido dessas escolas que saiu o cante alentejano. O cante alentejano tem princípio, meio e fim, pelo que somos levados a crer que os autores das modas alentejanas tenham pessoas dotadas de conhecimentos musicais suficientes para as inventar. Estas escolas de canto popular, fundadas pelos frades paulistas da Serra de Ossa, teriam a sua origem aí pelos fins do século XV, na transição do Milénio Vocal para o Renascimento.
Assim definido, o cante alentejano representa a cultura popular tradicional do povo do Baixo Alentejo, de um extraordinário, com a sua identidade própria, as suas características específicas e a sua peculiar interpretação. Esta cultura mergulha as suas raízes no sistema musical medievo, numa perfeita simbiose de modas e de tons, fruto da evolução da música no período renascentista. Esta cultura traduz a perfeita imagem do povo alentejano, no seu quotidiano, durante séculos, e que se mantem viva, em toda a sua beleza sentimental e nostálgica, que embalou, a sua gente, a fez trabalhar, cantar, chorar, sofrer rezar e morrer, numa epopeia bem digna da pena de um novo ainda que rústico épico.


OS CANTARES DE PORTEL

Ao folhearmos a 1ª e a 2ª série dos Cantos Populares de Portel, recolhidos pelo Sr. Artur Duarte, músico da marinha e publicados pelo Sr. J. ª Pombinho Júnior, edições de 1948 e 1949, respectivamente, constatamos que alguns daqueles cantos tem estruturas musicais do tipo modal, como nalgumas modas alentejanas.

Por exemplo na 1ª série os cantos “Laranja da China”, “Aldeia da Laranja” e “Que levas na garrafinha”, são desse tipo de música. Os finais desses cantos, o primeiro em Fá Maior e os outros dois em Sol Maior, terminam respectivamente em Dó e em Ré, sem a preparação necessária para a modulação ao tom vizinho, mas utilizando as formas de modo Eóleo. Na 2ª série, o canto de passar da Ribeirinha, tem também uma terminação modal e não tonal. Trata-se, pois, nestes casos, de um grupo de modas que passaram para Portel, talvez através da Vidigueira, de Cuba ou de Viana do Alentejo nas romarias à Senhora de Aires, ou dos frades paulistas da Serra da Ossa, que abriram escolas de cante popular em Serpa, no Baixo Alentejo, onde provavelmente teve origem o cante alentejano.

Até à Serra de Ossa ainda se podem ouvir os lindos corais alentejanos. Depois, os adufos e os pandeiros acompanham a música Regional do Alto Alentejo, que se caracteriza especialmente nas “saias”, que se destinguem em velhas e novas, aiadas, puladas e com estribilho. As “saias” novas são ou eram cantadas em Elvas no S. Mateus, pelos grupos de Campo Maior, Borba, Vila Viçosa e Amandroal, em despique.

Ora Portel, influenciado pela música coreográfica do Alto Alentejo, que se caracteriza especialmente nas “saias”, como já referimos, principiou ultimamente a juntar às vozes dos cantadores alguns instrumentos, com ritmos novos, coisa que nunca se viu até ali nas músicas alentejanas. E o pior é que Beja foi-lhe no encalce e afinou pelo mesmo diapasão, juntando-lhe ao canto e aos instrumentos, vozes femininas, em interpretações por vezes bizarras, pouco de harmonia com o tradicional cante alentejano. Há quem goste e quem não goste, pertencendo a este último grupo aqueles que ainda sabem distinguir entre uma cobra e um lagarto.

É claro que não é com duas cantigas azougadas que se muda a face da terra, que continuará a girar sempre à volta do sol.

O contrário seria a destruição do nosso planeta e dos seus colegas vizinhos e não sabemos se de mais alguns.

Não é tarefa fácil destruir a alma de um povo, por mais tentativas que se façam para o conseguir. Ela permanece sempre através de tudo, especialmente nas suas tradições. Ali deixa o homem e a sociedade que ela formou, bem vincada, a sua personalidade, a sua razão de ser e de viver. O Alentejo será sempre reconhecível através das suas velhinhas, nostálgicas e encantadoras modas, de cantadores bem unidos nas vozes, nos corpos, nos sentimentos e na vida.

Padre António Alfaiate Marvão,
Congresso Sobre o Alentejo - Semeando Novos Rumos,
Évora, Outubro 1985, I Volume, Págs. 104 a 107
Edição da Associação de Munícipios do Distrito de Beja


segunda-feira, 4 de junho de 2007

HISTORIAL

Este Grupo Coral nasceu em Março de 2005 de uma ideia de José António Maia - Presidente, à época, da direcção do Grupo Instrução Musical da Fontela - que conseguiu reunir cerca de 20 pessoas (Fontelenses e Vilaverdenses), entre homens e mulheres, sob a orientação artístico-musical do professor Luís Claudino Vieira. Estes, ensaiaram com afinco durante alguns meses e apresentaram-se em público pela primeira vez no dia 5 de Novembro desse ano (Dia do Fontelense) no palco da sua terra. Depois, foram aprimorando a sua apresentação (e afinação) ao longo de diversos concertos, passando pelas 3 salas de espectáculo existentes na freguesia: Vila Verde; Lares; e Fontela.